Primeiro vem aquela sensação libertadora que mostra que “tudo faz sentido”, você começa a lembrar de toda sua vida e perceber coisas que achavam “esquisitas” em você, mas que na verdade são normais. Nosso cérebro funciona apenas de uma maneira diferente.
Mas e depois deste primeiro impacto, o que fazer?
Aprender a se respeitar e a ensinar os outros a respeitarem
você. Fácil? Nãoooo, na verdade muito difícil. Pra começar que o autoconhecimento
nunca acaba, você começa a entender que “manias” “tiques” “crises” tudo tem um
nome dentro do universo autista e sim tudo faz sentido.
Eu chamava e na verdade por vício chamo até hoje...
sensibilidade tátil de dor de pele. Porque pra mim faz sentido porque é a pele
que dói rsrsrs
Uma coisa que talvez você nunca tenha feito por si mesmo,
agora deve fazer... Deve? Ninguém me mandaaaa rrsrsrsrs Na verdade este “deve”
é sobre se proteger. Quando você se
expõe demais a estímulos que te fazem mal, vai precisar se recolher, ficar
sozinho e entender que apesar da maioria das pessoas te julgarem e falarem para
você sair mais de casa ou para não se isolar, terá que ignorar o mundo e
apreciar o conforto e a beleza de se estar sozinho no silêncio. Porque na sua
cabeça está tudo muito barulhento, então se recolher faz parte.
Cordão de identificação – ahhh para adultos e
adolescentes esta parte é difícil, porque há ainda o medo do julgamento alheio.
Mas fazer a carteirinha do CIPTEA é bem
importante, lá ficam registrados seus dados como tipo sanguíneo, além de te
garantir direitos previstos pela lei. A primeira vez na fila preferencial vai
ser estranha, todos vão ficar te olhando. Mas não se preocupe a partir da
segunda vez tudo fica igual, permanecem te olhando e julgando rsrs Mas i uso do
cordão de identificação vai além ainda dos seus direitos legais, pois ele
mostra que você existe. Sim, isso mesmo, porque algumas pessoas acham que
autismo é “coisa de criança” ou que não existem autistas adultos. Eu vejo o uso
do cordão também como uma forma de educar e informar a população que nós
existimos e temos direitos. Mais uma coisinha... o cordão mostra para os pais e
mães de crianças pequenas que você conseguiu, que tem família, ou que está
fazendo compras sozinho. Vocês não tem noção de quantas mães conversam comigo
diariamente e sentem conforto em ver que sou autista e sim, me viro “quase”
sozinha. Uma vez uma mãe chorou, me abraçou e disse: “obrigada por existir”. Eu
fiquei paralisada, mas entendi na hora que o cordão não é só para o meu bem e
sim por um bem muito maior.
Respeite quando começa fazer seus stims, movimentos
repetitivos, se balançar, enfim, seja o que for para se auto-regular. Ainda
aqui é o tema respeito. Então se pegou o diagnóstico e está perdido, comece por
esta palavrinha mágica: respeito.
Se respeitando e fazendo com que os outros te respeitem
você vai ganhar qualidade de vida. Terapia? Sim, ué... quem não precisa?
Remédios? Se o seu psiquiatra/neurologista acharem que você precisa porque não?
Os remédios normalmente são para as comorbidades que acompanham o autismo... eu
tenho uma listinha grande, mas vou colocar só duas aqui porque o texto está
grande demais: enxaqueca e ansiedade. Se dá para tratar por que não tratar? Se
permita ser feliz do jeito que é sem mais ficar tentando se encaixar numa
maneira de viver que não é sua, não se machuque mais. Antes tarde, do que mais
tarde ;)
Tatiane Macedo
Instagram: @novela_da_minha_vida
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