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Pandemia abre espaço para maior inserção das mulheres no mercado da tecnologia

 Pandemia abre espaço para maior inserção das mulheres no mercado da tecnologia

De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as mulheres foram as que mais perderam emprego por atuarem, em especial, na área de serviços. Dos 897,2 mil que perderam o emprego de março a setembro de 2020, 588,5 mil eram mulheres, ou seja, 65,6% dos demitidos.

Esses números têm muita relação com as áreas em que as mulheres historicamente atuam, normalmente na área de humanas, enquanto a área das ciências exatas, como engenharia e tecnologia, registra presença de mulheres em torno de 20% das vagas entre mais de 5,8 mil profissionais de TI que atuam no Brasil, de acordo com a PNAD.

Porém, com aumento de 310% das vagas abertas em tecnologia em 2020, conforme dados de empresas de recrutamento, a tendência é de que esse espaço seja ocupado cada vez mais por mulheres. O mercado já tem notado essa mudança no interesse das mulheres pela TI.

O empresário Filipe Gevaerd é um deles. Sócio fundador da Gebit, fábrica de software e aplicativos customizados, afirma que as mulheres em sua maioria, têm menor interesse nas ciências exatas, possivelmente ainda por fatores culturais, mas isso está mudando. Quando ele cursou informática, existiam apenas duas mulheres em uma turma de 40 alunos. “Sempre buscamos diversificar a equipe, pois acreditamos que o resultado é melhor, embora ainda tenhamos dificuldade de encontrar mão de obra de forma geral e de qualquer gênero”, aponta.

Pesquisa mapeia lideranças femininas na TI

Cris Alessi, presidente do Conselho Consultivo de Mulheres em Tecnologia da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação seção Paraná (Assespro-PR), conta que a entidade está desenvolvendo pesquisa sobre o tema e aponta que um dos primeiros achados indica que as mulheres na TI são motivadas pelo fato de estarem contribuindo para melhorar a vida das pessoas, além de inúmeras oportunidades de crescimento pessoal. “Identificamos que elas se motivam a atuar na área pela possibilidade de anteciparem o futuro”, afirma.

Por outro lado, o levantamento também demonstra alguns empecilhos que dificultam a maior ocupação de cargos de liderança por mulheres. “Temos alguns insights que revelam que as mulheres ainda temem entrar nas formações dominadas por homens (alguns cursos de computação são representados por 99% de homens). Além disso, no dia a dia do trabalho muitos homens não aceitam saber menos que as mulheres em uma área que hoje ainda é dominada por eles, e não sabem lidar com isso”, alerta Cris Alessi, que é também presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento, órgão ligado à Prefeitura responsável pela política de empreendedorismo e inovação do município.

Desafios vencidos todos os dias

O maior detalhismo nas tarefas também destaca as mulheres nesse setor, levando-as para as áreas de análise e gerenciamento de projetos. “As mulheres vão para segmentos da tecnologia que demandam extremo cuidado com os detalhes e se diferenciam até na elaboração estética de relatórios”, completa.

Exemplo dessas habilidades é a estudante de Engenharia de Software, Ana Schran, que se forma daqui um ano na área, mas pela vontade da família seria uma futura advogada. “Eu tive contato com um profissional de engenharia de software e me encantou a possibilidade de ajudar empresas a auxiliar pessoas”, descreve.

Ela conta que a área de tecnologia é muito ampla. Por isso, ela já experimentou atuar com teste de softwares, função que demanda detalhismo e verificar interface e códigos com vários desafios. É o momento em que o software ainda não foi para o mercado, mas está sendo testado para verificar se tudo está funcionando adequadamente.

Ela também já atuou com inovação e melhoria, envolvendo pesquisa para verificar o desenvolvimento de plataformas. Como analista de requisitos na Gebit, ela é responsável por fazer o contato com todos os stakeholders envolvidos em um projeto. Isso significa ouvir do cliente tudo que precisa ser desenvolvido e levar a documentação à equipe de desenvolvimento. “Essa função demanda entender muito o que o cliente quer e tem como expectativa, traduzir em uma linguagem de programação e entregar à equipe interna”, afirma.

Quatro mulheres em uma turma de 40 alunos

Assim como o fundador da Gebit presenciou poucas mulheres na turma, ela enfrenta o mesmo desafio. Ela é uma das quatro colegas em sala em uma turma composta por 40 alunos. “Os rapazes sofrem um choque inicial com a nossa presença, parece que somos ‘celebridades’, mas passado o espanto a convivência fica tranquila”, revela.

Se ocorre algum comentário sexista, ela sempre encara a situação e faz com que o colega se dê conta de que aquela fala foi inapropriada. Porém, ela nota que muitas vezes as mulheres possuem a tendência de não dizer tudo do que são capazes para evitar que os homens duvidem delas. “A autocobrança de dar o melhor de nós porque, caso contrário, não será suficiente, é cultural e vez ou outra está pairando sobre nossas cabeças”, confessa.

Além disso, como “madrinha” de calouras na faculdade, ela sempre incentiva as novas colegas a ocupar esse espaço e abrir o caminho para maior presença feminina na TI.

Diversidade no setor de TI

Para ampliar a atuação das mulheres em inovação, estima-se que até 2022 cerca de 75% das grandes empresas do setor devam incluir critérios de inclusão e diversidade ao processo de escolha de ferramentas para a gestão do seu capital humano. “Entender o comportamento feminino e criar um ambiente propício para seu desenvolvimento é fundamental, bem como a inclusão de políticas internas de escalada profissional para elas”, assinala.

Para Filipe Gevaerd, a maior participação das mulheres no setor é fundamental para criar diversidade de opiniões e olhares para um mesmo desafio, sem falar na necessidade de suprir a alta demanda de mão de obra. As empresas devem adotar mecanismos de incentivo para atração de mais mulheres na área da TI. “Essa iniciativa envolve palestras e aproximação com colégios ainda em tenra idade para desmistificar o trabalho no setor e demonstrar que as mulheres podem atuar onde quiserem e que sejam estimuladas desde cedo, quebrando qualquer estigma ou preconceito que ainda possa existir”, finaliza ele.

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