Masking, ou "camuflagem social", expressão que se refere a um conjunto de comportamentos adotados conscientemente ou não para mascarar os traços do autismo”
É comum que quem tem autismo use desses conjuntos de estratégias de camuflagem para buscar interagir socialmente e cumprir normas e regras sociais. Para isso, vale de tudo: fingir expressões para aparentar interesse em conversas, ensaiar frases e gestos bem vistos, imitar falas, tom de voz e gostos de pessoas populares.Por mais que o TEA seja diagnosticado quatro vezes mais no sexo masculino, o MASKING É MAIS RELACIONADO A MULHERES AUTISTAS, e isso se deve a causas clínicas e sociais. Culturalmente, meninas são ensinadas desde cedo a se comportarem de forma específica em situações sociais. Um exemplo são brincadeiras em que cuidam de bebês que estão chorando e é necessário identificar se é fome, dor, ou se querem carinho —e então devem aprender a solucionar esse problema lhe oferecendo alimento, por exemplo. As brincadeiras de meninas simulam comportamentos sociais do dia a dia.As garotas são incentivadas, desde cedo, a conversarem, demonstrarem afeto e outros tantos comportamentos sociais *desencorajados em meninos*. A EXAUSTÃO EMOCIONAL pode ser consequência da tentativa constante de forçar ser alguém que não é. O esforço que esses mecanismos exigem costuma resultar em quadros de estresse, ansiedade, depressão, fadiga e fobia social.
A Autistic, uma instituição de caridade do Reino
Unido, divulgou que a expectativa de vida de indivíduos autistas é muito menor
do que a de neurotípicos. Além disso, mostrou que autistas tem 9 vezes mais
chances de cometer suicídio, sendo que ESTE NÚMERO DOBRA EM MULHERES AUTISTAS.
A mulher já sofre “normalmente” mais pressão
social em todos os sentidos, estando no espectro ou não. Há o jeito certo de se
comportar, falar, sentar, omitir-se. Os salários são menores, o machismo é
devastador, o perigo é sempre muito maior. Mulheres sozinhas à noite preferem
cruzar com um espírito assustador do que com um homem encarnado.
Os pais se preocupam desde cedo em moldar uma
mulher que orgulhe a sociedade. Que seja adaptável e bem sucedida. Comedida em
seus atos. Discreta, porém elegante. Que atraia o marido certo para que possam
se livrar do peso de terem uma filha mulher. Já o homem é encorajado a ser como
quiser, a pegar o que quiser nem que seja a força, não mostrar sentimentos é
visto como força. Especialistas ainda estudam porque os casos de
suicídios em mulheres autistas é o dobro do que o de homens. Para mim, é tão
óbvio que chega a ser ofensivo que os estudos não tenham chegado a uma
conclusão ainda.
O comportamento autista é reprimido desde a infância.
No meu caso fui uma criança dos anos 80 e adolescente dos anos 90.
Comportamentos inadequados eram punidos com violência e crianças não
conversavam com adultos. “Criança vai lá pra fora” ou “vai limpar a casa”.
“Lavou uma loucinha e acha que fez muito”. Conversas assim eram comuns, mas não
eram conversas na verdade. Eram ordens. No pré eu tropeçava muito no caminho
até a escola e ia apanhando até lá. Ou fazia movimentos para frente e para trás
(chamava de tuc tuc) que eram sempre reprimidos inclusive por parentes, por que
ia “estragar o sofá”.
No dia internacional da mulher, gostaria que todas
as mulheres se sentissem “aconchegadas”, seguras e livres para ser quem elas
são. Procurem diagnóstico, terapias e cerquem-se apenas de pessoas que não
“suguem” sua energia vital. Não temos que nos esconder para agradar os outros,
mas mostrar que é possível que haja mudança de comportamento e um mundo em que
ninguém precise fingir para ser aceito. Porque na verdade, o que significa ser
aceito? Aceito por quem? Por qual motivo? Não somos robôs para possuirmos uma
programação aceita pelo usuário. E quem seriam os usuários?
ENFIM, FELIZ DIA INTERNACIONAL DA MULHER
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