O Setembro Roxo, campanha de conscientização sobre o câncer de pâncreas, chama atenção para a gravidade da doença, considerada uma das mais letais do mundo. No Brasil, em 2023, a estimativa foi de 5.690 novos casos entre mulheres e 6.450 entre homens, segundo o INCA. Apesar de representar pouco mais de 2% dos diagnósticos oncológicos, esse tipo de tumor é responsável por até 5% das mortes por câncer.
O principal desafio é a falta de sintomas específicos nos estágios iniciais. O pâncreas fica em uma região profunda do abdômen, o que dificulta a detecção precoce. “O câncer de pâncreas é conhecido como um verdadeiro ‘assassino silencioso”, pois a porcentagem de pacientes que recebem o diagnóstico quando o tumor já não é passível de cirurgia curativa, é alta. Esse é um dos motivos pelos quais a taxa de sobrevida em cinco anos ainda é tão baixa”, afirma o oncologista clínico do Centro de Oncologia do Paraná (COP), Dr. Rafael Vanin.
Não existem exames de rastreamento de rotina para a doença, o que reforça a importância da prevenção e do acompanhamento de pessoas com histórico familiar ou fatores de risco.
Entre os principais fatores de risco estão:
-Tabagismo (relacionado a até um terço dos casos)
-Consumo excessivo de álcool
-Obesidade e sedentarismo
-Diabetes mal controlado
-Pancreatite crônica
-Mutações genéticas hereditárias, como no gene BRCA2
Em casos familiares, o médico pode recomendar exames de imagem periódicos, mesmo que essa prática ainda não seja padrão na rede pública.
O tratamento exige uma abordagem multidisciplinar. Além da cirurgia, quando possível, as opções incluem quimioterapia, radioterapia e imunoterapia, com resultados ainda limitados.
Os sintomas geralmente aparecem em fases mais avançadas e podem incluir:
-Dor abdominal que irradia para as costas
-Perda de peso rápida
-Icterícia (pele e olhos amarelados)
-Urina escura, fezes claras
-Fadiga intensa e falta de apetite
Esses sinais devem ser avaliados por um médico, especialmente se persistirem.
A melhor forma de prevenção, segundo Vanin, ainda é o estilo de vida saudável: não fumar, reduzir o álcool, manter o peso adequado, praticar exercícios e ter uma alimentação equilibrada.
“É fundamental ficar atento a sintomas persistentes e procurar avaliação médica imediatamente caso eles apareçam. O conhecimento é a primeira etapa da prevenção. Falar sobre o câncer de pâncreas é essencial para reduzir diagnósticos tardios e aumentar a chance de sobrevida. Prevenção e atenção aos sinais do corpo salvam vidas”, conclui.
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