Gosto
muito da definição de Liderança expressada por John Edmund Haggai que diz: “A
liderança é a disciplina que exerce deliberadamente influência especial dentro
de um grupo, para movê-lo em direção às metas benéficas que atendam às
necessidades reais dos grupos”.
Esta
definição de John E. Haggai nos faz pensar que existem lideres inclinados para
dois tipos de situações: aqueles que tendem a metas benéficas e outros que não
seguem este caminho.
Temos
inúmeros exemplos de líderes no Brasil e no mundo que seguiram estes dois
caminhos, mas nossa realidade atual nos leva a crer que estamos vivendo uma
crise de liderança sem precedentes em nosso pais. Não é que faltam líderes.
Eles existem numa proporção inclinada para a lado negativo da liderança.
A
verdadeira liderança, aquela que traz resultados benéficos, caminha sempre ao
lado da sinceridade, da integridade do ser humano.
Esta
palavra “sincero”, nos leva às suas origens, sua etimologia, que vem da junção
de duas palavras do latim “sine cera”. Uma versão dada para a origem desta
palavra é que, na Roma antiga os artesãos fabricavam suas obras de arte
(esculturas, vasos, etc) que eram elaboradas, esculpidas com muito trabalho e,
que no final ainda ficavam algumas imperfeições, pequenos orifícios, trincas
que eram tapados com cera e assim eram vendidas como se fossem perfeitas. Quem
conhecia um pouco do dia a dia do artesão, sabia que uma obra de arte, antes de
compra-la, deveria passar pelo teste do sol, ou seja, o comprador colocava a
obra no sol e, se houvesse cera cobrindo as imperfeições, estas apareceriam e
tudo aquilo que o artista fez para encobrir as falhas, se tornava inútil. Havia
uma casca que cobria as imperfeições desta obra de arte, mas quando era
exposta ao sol, tudo voltava a ser original.
A palavra
“integro”, segundo o dicionário, vem de inteiro, completo. O adjetivo está
relacionado ao caráter, aquele que possui dignidade e honestidade. Uma pessoa
integra é alguém irrepreensível na sua conduta, incorruptível.
Então
dizemos que a liderança que precisamos aprender é aquela que está fundamentada
na pureza de caráter. Para envolver nossos seguidores, rumo a objetivos
benéficos, precisamos transmitir esta característica.
Mas como
encontrar lideres hoje que possuem estas características? Líderes que passam
neste teste de sinceridade e integridade? Eles nascem prontos ou são formados?
Há vários
estudos sobre o tema. Em 1980, a Revista Harvard Business publicou uma
coletânea de quinze artigos intitulado Caminhos para o Progresso Pessoal:
Lideres são formados, não nascem prontos.
Nestes
artigos, descrevia exemplos de um cirurgião, um astronauta, um orador que são
formados, preparados para a função e não nascem prontos.
Concordo
parcialmente com esta afirmação; a pessoa pode até nascer com um dom especial,
habilidade para esta ou aquela função, mas isto só vem à tona se a pessoa se
houver preparo suficiente para exerce-lo.
Se você
exerce uma função de liderança dentro de sua organização, saiba que você é
diretamente responsável pela formação de novos líderes. Isto inicia na
contratação de pessoas para sua equipe. Que tipo de pessoas você está
contratando?
Considere
algumas características na contratação. Avalie se a pessoa demonstra energia
para ao trabalho. Não existe nada mais desanimador do que uma pessoa que
demonstra falta de ânimo. A ocorrência deste fato numa entrevista é reprovação
na certa. A pessoa deve demonstrar energia, os olhos devem brilhar.
Outro ponto
é a competência. Este requisito, você como líder, saberá como avaliar. É a sua
praia. Então, se o candidato tiver energia e ser competente, é
suficiente?
Outro
requisito a ser avaliado e este é o mais complexo, é o caráter, a integridade.
Conheça um pouco mais sobre a história de vida do candidato. Com quem ele se
relaciona. Quando entrevisto um candidato sempre faço a seguinte pergunta:
quantos livros você leu nos últimos 2 anos? Quais livros? Conte-me um pouco
sobre eles?
Gosto muito
de uma frase de Charles “Tremendous” Jones, que foi um autor de livros
motivacionais e de desenvolvimento pessoal que diz: “Daqui a cinco anos você
será igual ao que é hoje, a não ser por duas coisas, as pessoas com quem
convive e os livros que lê”.
Existe uma
grande verdade embutida nesta frase; livros e amigos demonstram um pouco da sua
personalidade, do seu dia a dia, como você se relaciona com os outros. É uma
pista para saber um pouco mais sobre quem você está contratando. Existem outras
maneiras disponíveis para que você conheça um pouco mais sobre o candidato, mas
lembre-se que se você é um líder, também é responsável pela formação de outros
líderes.
Mais um
requisito para contratar um futuro líder: gostar de trabalhar em equipe e se
relacionar com as pessoas. Eu digo relacionar e não “ralacionar”. O futuro
líder vai liderar pessoas e não coisas. Ele deve entender que pessoas são mais
importantes que as coisas. Quando cometer erros, ele deve saber reconhece-los,
deve ser esperto o suficiente para se beneficiar deles e forte para
corrigi-los. Liderar, frequentemente, significa fazer algo que não seja
popular.
Líderes
precisam viver uma vida “sine cera”, sem máscaras, não uma vida de aparência,
mas uma vida que seja exemplo para os liderados.
Vivemos
hoje num contexto de corrupção que mancha nosso pais. A corrupção valoriza
aqueles que não pensam no bem comum. A corrupção é egoísta, é avarenta,
valoriza os espertos e não os competentes. Precisamos de uma reviravolta na
nossa cultura. Temos que começar já. Nossos filhos e netos precisam viver numa
cultura de honestidade. Eu e você somos responsáveis por iniciar esta mudança.
Pedro
Carlos Araújo Souza
Sócio-diretor da
Iwankio Consulting
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