Por Rachel
Biderman, membro da Rede de Especialistas de Conservação da Natureza e diretora
do World Resources Institute (WRI – Brasil)
Desde a
década de 1970, a ciência vem afirmando e aprofundando o conhecimento sobre a
mudança do clima. Passadas quatro décadas e já em plena era das mudanças
climáticas, a humanidade parece que finalmente começa a acordar. Foram precisos
alguns sustos (eventos climáticos extremos) para esse despertar. Finalmente, os
tomadores de decisão em governos e empresas e grandes investidores começam a
levar o tema a sério, como assistimos em Paris, no fim de 2015, quando foi
selado o tão esperado acordo mundial sobre o tema.
Não faltam
provas da crise climática e sua ligação à ação humana. Evidências disso são o
derretimento do gelo nos polos e topos de grandes cadeias montanhosas, a
elevação do nível do mar pelo excesso de água do derretimento do gelo e pela
expansão térmica da água, o consequente desaparecimento de ilhas (e países
ilha), o surgimento de “refugiados do clima” a pedirem asilo, secas
extremas, inundações e furacões descontrolados, doenças tropicais em ascensão
(como a dengue). Tudo isso são exemplos reais do que antes só a ficção nos
trazia.
Hoje
assistimos uma evolução rápida e mudança dos paradigmas. Há boas notícias. Investidores
começam a “desinvestir” em combustíveis fósseis e apostar nas energias
renováveis (solar, eólica, dentre outras). Empresas também apostam na revolução
energética e mudam seu foco de atuação, abandonando o combustível fóssil. O que
antes era conversa de ambientalista xiita, hoje está na mesa de decisão dos
grandes investidores e chefes de estado. Davos (Suíça), onde muitos deles se
encontram no Fórum Econômico Mundial, tem eleito esse tema como central para a
humanidade há alguns anos. Produtores de carne querem vender o “boi de baixo
carbono”.
Governos,
empresas e proprietários de terras enxergam oportunidades no plantio
de florestas, na recuperação de áreas degradadas e no estabelecimento de
unidades de conservação. Essas ações de proteção da biodiversidade podem dar
lucro, gerar emprego e, ao mesmo tempo, colaboram em muito para o equilíbrio
climático pela relevante absorção de carbono pelas árvores em crescimento e por
contribuíram na adaptação aos impactos das alterações no clima.
O ser humano
sabe transformar uma crise em oportunidade. É desse espírito empreendedor que
mais precisamos agora.
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